domingo, 20 de fevereiro de 2011

Perdão-Terapia


Que lindas e incomparáveis oportunidades a vida nos oferece todos os dias para que possamos perdoar. Tantas outras, nos são dadas para ensinarmos sobre o perdão. E, para nossa alma maculada pelo passado delituoso, tanto uma quanto a outra, são alentos, verdadeiros bálsamos que cicatrizam nossas feridas.
 Como não assustar, à primeira vista, assistindo a expressão amarga de um rosto ao pronunciar friamente:- Eu odeio meu pai. Sempre o odiei, desde menina. Odeio-o por todas as vezes em que bateu na minha mãe, odeio-o pelas vezes que me bateu, pelas vezes em que deixava minha mãe doente, com todos os afazeres que lhe pertenciam,  e buscava o divertimento. Odeio-o pelos olhares sensuais e desejosos que me lançava quando na adolescência eu desenvolvia meu corpo de mulher. Odeio-o hoje, quando velho e atrofiado pela doença,  ainda tenho que limpá-lo e tocar suas partes íntimas, como se fosse uma criança. E por isso, eu o lavo com uma vassoura, debaixo do chuveiro e se reclama, bato em seu rosto e se não calar, bato de novo.
Depoimento de uma mulher adulta, com filhos adultos. Graças a Deus, procurando ajuda, pois não quer mais viver essa situação.
Não há remédio para curar ódio, não há antidepressivo para curar culpa. A terapia é o perdão. Mas perdoar como se só há motivos para mágoas?
O presente nada mais é do que o reflexo do passado. E essa história também nos faz pensar sobre o quanto estamos envolvidos na trama cármica. Inimigos do passado, deparando-se como pai e filha, tentativa sábia da reencarnação, no intuito de acordar o amor.
Seu rosto, enrijecido pelo ódio durante a narrativa, foi aos poucos amenizando ao compreender sobre as póssíveis causas desse sentimento que tanto mal está fazendo a ambos. Um suspiro de alívio, ao compreender que basta perdoar e os laços do ódio se desfazem naturalmente. Mesmo sabendo que é um trabalho íntimo, individual,talvez demorado, doloroso às vezes, ela sentiu-se amparada e menos culpada.
Aconselhada a refletir na oração do Pai Nosso, onde pedimos o perdão do Pai, assim como nos comprometemos a perdoar nossos ofensores, seus olhos conseguiram mostrar a emoção que a força deste mantra sagrado consegue ainda reavivar nas pessoas.
Talvez a oportunidade de falar do perdão, seja o remédio doce que nos cura antes mesmo que o ouvinte consiga aplicá-lo na sua própria vida. Porque todo curador também é um doente.

Leni W.Saviscki
Psicoterapeuta Reencarnacionista

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